Poucas semanas depois que Bebedocinha nasceu, surgiu um assunto meio polêmico em alguns blogs, a respeito de brasileiras, que vinham para o exterior pra arrumar marido estrangeiro, que arrumavam filhos, não trabalhavam e passavam a vida blogando pra esconder a incapacidade ou incompetência. Ja não me lembro muito bem dos detalhes. Mas o fato é que isso me fez muito mal. Durante aquele periodo meio obscuro e incerto das primeiras semanas, com toda a dificuldade que havia passado na gravidez ainda aflorada, sem amigos, sabendo que minha mãe ficaria por pouco tempo, o assunto me afetou bastante.
Deveria ter tomado mais cuidado para não engravidar? Sim. Deveria ter me organizado para conseguir uma babà assim que Bebedocinha nascesse? Sim. Deveria ter feito muita coisa, mas a vida nem sempre é assim.
Varias blogueiras, com e sem filhos, nos defenderam (digo nos, pois quando o assunto saiu foi generalizado, tipo, toda pistoleira brasileira que não trabalhava fora, que tinha filho , que o marido era estrangeiro entrou no balaio), a coisa deu pano pra manga, mas como tudo nessa vida, passou.
Passou, mas não pra mim. Fiquei entalada e engasgada, queria sair gritando que não, eu não sou assim. Que me sobra competencia, boa vontade e o principal, eu não sou pistoleira. Que quando estava no Brasil eu ralava, estudava, que me casei porque o amor que eu sentia era muito grande (se é que podemos medir). Mas naquele momento nada que eu falasse teria valor, afinal, com um bebê nos braços, sem poder colocar meus projetos pra caminhar o jeito foi me recolher na minha insignificancia.
Então aos poucos a vida foi se ajeitando, conseguimos uma babà, voltei pro curso de francês, passei de nivel (com bons resultados) no curso, fiz uma prova que me garantiu o direito de tentar entrar na faculdade, fiz minha inscrição, perderam meus documentos, perdi as esperanças de entrar na faculdade esse ano (entenda que ano que vem aqui é setembro de 2011), mandei minha inscrição mais uma vez, fui la na faculdade, falei com o responsavel X, Y e Z. Com o manda chuva, manda trovões e tornados. E tive uma resposta parcial de que a essa altura do campeonato, com as aulas começadas seria realmente impossivel pra esse ano.
Voltei pra casa de asa quebrada.
Do nada recebo uma ligação e a voz do outro lado fala: - você foi aceita, venha amanhã fazer sua inscrição.
Eu pulei, dancei, sorri, chorei e gritei bem alto pra mim mesma: eu não sou incompetente.
Fiz a dancinha da vitoria junto com uma retrospectiva de o quanto ter lido aquelas palavras ha 2 anos atras me fizeram mal.
Eu poderia ter vindo ano passado contar que havia passado de nivel no curso, pois ja era algo grande. Poderia ter contado a respeito da prova que me coloca no nivel europeu de francês. Ou poderia ter contado que o ano que vem faria minha querida faculdade de direito. Mas hoje eu vim contar que eu ja começei. E não conto isso pras pessoas que começaram o assunto la atras e o trataram de maneira tão imparcial e insensivel, afinal existe sim gente bandida, incompetente por ai,mas isso não da o direito a ninguém de dizer que "todos" são assim. Conto pra vocês, pessoas amigas que tanto me ajudaram quando eu começei o blog no inicio da gravidez. Pois foram vocês, que nunca se importaram com o fato de eu ter ou ser qualquer coisa naquele momento, com seus comentarios, visitas e carinho que me ajudaram a não ficar louca aqui dentro de casa.
Ja contei que eu sou magra, visto 36 e tenho o cabelo bonito?
Pequeno Up-date: o assunto a respeito das pistoleiras incompetentes não foi falado diretamente pra mim, mesmo porque eu duvido que as pessoas que naquela epoca comentaram e postaram a respeito, leiam os blogs das Donas de Casa Pistoleiras S.A. Mas sabe quando tudo que està sendo falado cai como uma luva na sua vida? Foi isso que aconteceu, pois foi falado de maneira generalizada!